quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Conto: Superação

Escrevi este conto já faz um tempo! Me esforcei bastante nele! Leiam e comentem:




SUPERAÇÃO

Duas coisas me apavoram.
A primeira é água. Não me entendam mal, apesar de tratar de animais que algumas pessoas consideram sujos, não sou nenhum imundo, quando digo que tenho medo de água, me refiro ao mar, na verdade, um ajuntamento de águas, tão grande que não conseguimos ver sempre a outra margem. Pessoas viajam nele e ás vezes, demoram tardes e até noites para chegar ao outro lado. 



O mais engraçado é que admiro sua beleza, posso passar horas olhando para seu verde-azulado e cristalino, principalmente quando o sol está pra se pôr, fico pensando sobre sua profundeza imensa e seu tamanho desconhecido, imagino se um dia terei coragem de entrar em um barco e viajar por essas águas, aí lembro do meu temor pela desconhecida altura entre a madeira do barco e a terra no final da água, será que tem realmente um final?
 Não! Prefiro não me arriscar, imagine se as águas sugam-me para seu interior sinistro... 
Chega! Não preciso imaginar isso, estou feliz com minha família aqui onde moro, na terra firme. 
Meu povo não é muito grande, minha família têm uma grande criação de porcos que sustenta nossa cidade, moramos num vale, e sempre subimos um monte para levarmos os porcos para pastarem. Deste monte vemos o mar, e minhas pernas já começam a balançar, aí me lembro que estou na terra e me acalmo, esta hora do dia é a que mais me assusta, e por incrível que pareça não me refiro ao momento que avisto o mar, apesar do meu medo por água, seu azul é o que mais me agrada no local, pois próximo a ele existem cavernas, umas grutas de pedra na beira do grande lago, e nestas cavernas colocamos os corpos daqueles que já se foram. Este é o nosso cemitério.



Há um tempo, uma de minhas tias foi posta nos sepulcros, ficou doente de repente e morreu. Pegou a família toda de surpresa, era uma moça saudável, que nunca tinha passado mal antes, quem mais sofreu nesta história foi seu filho (meu primo), que quando soube enlouqueceu, ficou revoltado e nervoso demais, seu pai morreu mais ou menos há quinze anos, quando ainda era muito novo, nem eu, que sou um ano mais velho lembro dele direito. 
Recentemente meu primo aparenta estar melhor, mas sempre com um olhar de ódio, não um ódio que passa, como quando fico com raiva de meu irmãozinho por pegar uma coisa minha para brincar, mas um ódio interno, como se fosse dele mesmo. Embora nunca tivesse me dito nada, seus olhos mostram culpa, como se sentisse que não era digno de ter pais normalmente. Minha mãe e meu pai acolheram a ele, e o tratam como se fosse filho. Não o julgo por viver amargurado, não sei como me sentiria se meus pais morressem.
Mas não pense que sou medroso demais, na verdade o que me assusta no lugar não é o cemitério em si, mas o que vive dentro dos sepulcros. Novamente te aviso para que não pense que sou medroso, quando digo que tenho medo do que vive dentro dos sepulcros, quero dizer literalmente VIVE. E não me refiro aos corpos depositados lá, sei que estes não têm vida, o que para mim é pior que o mar, não são os túmulos nem os corpos e muito menos fantasmas. É um homem.
Claro que um homem comum não mora entre túmulos, com corpos sem vida, com cheiro de morte misturado com a terra molhada do mar, um homem acompanhado apenas da carne de pessoas já em estado de decomposição. Podres. Este homem não tem nada de comum, pelo menos não mais. Sua história, eu só conheço através de relatos do meu pai e de meus tios. Dizem que era um cara normal, filho dos curandeiros da cidade, ele ajudava os pais nas curas de todos, através de massagens com plantas e flores para espantar os maus espíritos da dor. Alguns dizem que os espíritos hoje, o castigam por ele e seus pais curarem por anos, as dores dos outros. Meu pai diz que isto é besteira, e que seus pais e ele não passavam de uns charlatões, na verdade o que aliviava as dores do povo era a massagem, o teatro que eles faziam com as plantas e o “chamado aos deuses” servia apenas para tirar alguma coisa de quem acreditasse em suas mentiras. 



Bom, um dia, quando chamava um dos deuses para “espantar espíritos”, ele começou a agir estranho, rasgava suas roupas, falava com uma voz estranha (essa parte me interessei, mas nem meu pai nem meus tios souberam descrever como era a tal voz. Também, não quero ouvi-la, minha curiosidade é menor que meu medo.), quebrava tudo o que tinha em casa e se machucava com tudo o que via pela frente Seus pais sofreram muito com isso, tentaram prendê-lo com algemas, mas ele, com uma força vinda não se sabe de onde, as quebrava. Seu pai, desesperado pediu ajuda aos governadores da cidade, a fim de levá-lo preso à cadeia, foram convocados os três homens mais fortes do local, depois de apanharem bastante, conseguiram colocá-lo na prisão com algemas mais fortes que a que ele quebrara, não demoraram algumas horas já as tinha esmigalhado também, e ainda por cima quebrou as paredes da sua cela, nada o segurou, rasgou toda sua veste e correu em direção aos montes, o povo o seguiu achando que ele ia para casa bater nos pais, mas ele passou direto, em direção ao cemitério, nunca mais voltou a sua casa, hoje vive pelos montes, uivando, gritando e gemendo de dor, dor que ele mesmo provoca, pegando pedras e se ferindo com elas, rasgando sua pele e castigando seus ossos com o furor de quem se odeia. Fez sua morada entre os mortos dos sepulcros, sua história ficou famosa e viajou pela região, meu pai conta que várias vezes vieram pessoas que queriam desafiar esta força, alguns conseguiram prende-lo, mas sempre se soltava com a mesma facilidade que se soltaria de barbantes. Lembro de um vizinho meu, dizendo que certa vez já veio até um centurião com alguns soldados romanos, e que eles voltaram derrotados, amaldiçoaram a cidade de Gerasa e nunca mais retornaram para tentar prende-lo. 
Ainda hoje vive gritando e se machucando pela área, só o vi de longe, como uma silhueta no meio das cavernas, sempre nas horas que levamos os porcos para pastarem. Mas à noite, ouvimos ele gritar como se clamasse, como se algo dentro dele estivesse fazendo isso e ele mesmo não tivesse forças para se libertar, como se as algemas antes colocadas nele e quebradas por ele, simplesmente não valessem de nada, pois este já estava acorrentado por dentro. Na realidade, não sei porque penso tudo isso, apenas sei. Sei também que seus pais nunca mais “curaram” nada, a vida deles acabou, vivem de favores e envergonhados, pois não conseguiram curar seu filho, este traz apenas mais dor para toda cidade e especialmente para mim, pois ele é exatamente a segunda coisa que mais me assusta.
Hoje é dia de levarmos os porcos para pastarem nos montes, apesar dos meus maiores medos contados aí, o dia pode ser bem legal, a família toda vai e enquanto meus pais e tios fazem todo o trabalho, meus primos e eu brincamos, só a descida até o mar já é legal, lógico que nunca chego perto demais da água e sempre contornamos o lugar onde o filho dos curandeiros costuma ficar, como disse, geralmente o avistamos com sua silhueta sinistra já ao longe, hoje não o vimos, mas isso também já aconteceu, poucas vezes sim, mas já ocorreu de irmos e voltarmos sem sequer o ver (são os melhores dias, pois até esquecemos que ele existe).
No caminho, existe também um grande desfiladeiro, quando os montes terminam. Não tenho medo de altura, mas a vista é horrível, direto para o mar, quando olho pra baixo e só vejo água, fico tonto. Acho que meu medo é do desconhecido, pois o que me assusta é o fato de não saber o real tamanho da queda, depois do baque com a água, a profundeza que continua a puxar tudo pra baixo, e cada vez mais pra baixo, isso é amedrontador.
Não falando mais de medo, esquecendo o mal, o dia não podia estar mais bonito, ontem os ventos estavam agitando o mar e trazendo tempestade, hoje o céu está mais azul que o normal, e o sol empresta sua forte luz ao mar, o deixando um pouco menos assustador (mentira, continua sinistro, mas ao mesmo tempo bonito), enfim a natureza está convidativa, como se anunciasse alguma coisa boa.
Os adultos estão tomando conta dos animais, meus primos e eu brincamos de provas de resistência, corremos de um lado para o outro, testamos habilidades e nos divertimos.
Quando meu primo me chama em um canto e com uma cara mórbida, olha sério para mim e me pede para ir com ele nas cavernas, estava com saudades da mãe. Na hora não consegui pensar em nada, era a coisa mais estranha que já tinha ouvido, ninguém vai ver corpos inanimados, disse pra ele que não adiantava, sua mãe, infelizmente já se fora. Mas ele insistiu, e me disse que só queria sentir sua presença de novo. Só pensei que ele estava maluco, pois que presença ele poderia sentir? Na falta de frase ou argumento melhor, respondi que não tinha presença pra ele sentir, era só um corpo, sem vida. Mas ele olhou nos meus olhos e me pediu para não o chamar de maluco, pois ele tinha tido um sonho, e nele sua mãe o chamava na entrada da caverna onde foi colocada. No momento em que ouvi isto foi que percebi que realmente não sabia o que dizer à ele, na verdade não sabia nem o que pensar, achei que estava totalmente louco, mas não podia dizer isto à ele, pois sempre me apoiou e nunca riu dos meus medos, diferente dos meus irmãos e outros primos que sempre me zoavam por causa do meu medo por água, mesmo assim continuei tentando convencê-lo de que não era boa idéia, que com certeza não passava de um sonho, mas ele disse que se eu não fosse, ele iria sozinho, pois sabia que tinha que estar no seu túmulo, discutimos e ele se virou e começou a andar em direção aos sepulcros. Sem alternativa, me vi obrigado a segui-lo, fui atrás dele tentando convencê-lo a voltar, falei que os vivos estavam ali com ele, não precisava de uma falsa esperança entre os mortos, ele nada respondia, apenas seguia em frente, certo do seu destino.
Não demorou muito, chegamos à entrada da tal caverna de frente ao mar (mas distante o suficiente para eu não o temer), o cheiro de morte que já sentíamos quando nos aproximávamos do local, estava insuportável agora, não conseguíamos ver nada quando olhávamos lá pra dentro, virei para ele, apontei para a porta e disse:
– Viu, não tem nada, foi tudo um sonho, vamos voltar antes que ... 
No momento que comecei a falar, tremi, escutei um barulho lá de dentro das cavernas, exitei por um momento, mas lembrei! 
Eu estava com tanta raiva de mim mesmo por não recordar antes, como não o tínhamos visto ainda, havia esquecido completamente, meu primo não pareceu ter lembrado, seus olhos já cheios de lágrimas olhavam para a caverna esperando ver sua mãe, comecei a gritar com ele:
– Seu idiota, não percebe? Não é sua mãe, é o endemoninhado! Vamos dar o fora daqui! – Me coloquei na frente dele para impedi-lo de entrar no sepulcro, desviei o meu olhar para o mar e vi algo que não tinha visto antes, um barquinho se aproximava da margem...





Parece que o tempo parou.
Não lembrei de mais nada. Enquanto o barco não atracou não tirei meus olhos dele, no instante que o primeiro homem saiu do barco e pisou com suas sandálias na terra, voltei a ter consciência do que estava acontecendo, pois no mesmo instante que este homem, que eu não conseguia ver direito, saiu e colocou seus pés na terra, um berro terrível ecoou dentro da caverna! 
Um grito diferente, de dor, era como se mil animais estivessem sendo sacrificados, voltei minha cabeça para caverna e vi, o terrível homem, parado há poucos metros a minha frente, olhando diretamente em minha direção, embora seus olhos parecessem estar fora de foco. Não sei se deveria chamá-lo de humano, além de não usar roupas como homem, seu rosto estava desfigurado, e seu andar também era de animal, falava como um bicho. Me lembrei de ter ficado curioso a respeito da sua voz, e na hora preferia nunca ter tido essa curiosidade, apesar de não entender o que estava dizendo, era como se dele saíssem diversas vozes, todas com ódio! 
Pensei:
– É agora! Acabou, meu fim chegou! – o homem pareceu não nos ver, passou correndo direto por meu primo e eu, em direção ao barco recém-chegado, virei para o meu primo parado a minha frente como se pedisse uma explicação do ocorrido.
Olhei para ele e teria sido melhor se não o tivesse feito!
Meu primo estava com seu olhar fixo no barco, quando o chamei, ele olhou para mim, mas não com seu olhar normal, estava muito parecido com o homem que eu acabava de ver saindo de entre os mortos, seus olhos desfocados voltou-se para os meus quando o chamei novamente. Fosse o que fosse, na minha frente estava qualquer coisa das trevas, menos o meu primo.
Embora eu soubesse que era ele, não o vi ali, voltou-se para o barco e como o outro homem, correu com um ódio visível.
Ambos em direção ao homem que saíra do barco segundos antes. Agora era a primeira vez que eu o olhava atentamente, estava vestido de maneira simples, vestes brancas e bem usadas, sandálias gastas, e mesmo assim era como se ele fosse muito importante e poderoso, tinha um brilho especial e inexplicável, era como se já o tivesse conhecido antes, tipo em outra vida, ou algo parecido.
Enquanto o reparava, o filho dos curandeiros se aproximou dele, meu primo estava um pouco mais atrás, e, não aconteceu o que eu pensei que aconteceria, os outros que estavam também no barco se espantaram, mas o homem que primeiro saíra, o que estava na direção e alvo dos dois corredores não se assustou nem um pouco e o endemoninhado nu que primeiro chegou não o atacou, pelo contrário, se prostrou de joelhos diante dele, como se o adorasse, na verdade era mais como um filho desobediente, tentando mostrar arrependimento! Não foi muito convincente.
Ainda de joelhos, exclamou em alta voz:
– Que tenho eu contigo, Yeshua, Filho do Deus Hupistos? Conjuro-te por Deus que não me atormentes!
Pensei:
- Como assim Filho do Deus Altíssimo? É assim que chamam o Deus dos Judeus. Yeshua é o nome do seu Filho? Mas porque ele viria aqui? Para nos ensinar que não é lícito comer carne de porco? Assim como fazem os judeus? Não, ele não parecia que estava ali para nos julgar, no momento eu sentia vontade de, assim como o homem diante dele, me ajoelhar na sua frente, e não conseguia desgrudar meus olhos da cena.
Yeshua disse – Espírito imundo, sai desse homem! – O homem nu perante ele não se mexeu, mas meu primo que os estava alcançando, caiu. Simplesmente caiu, antes de chegar perto deles, foi como se toda a raiva presente nele saísse no mesmo instante, aquela palavra era para meu primo, não para o ex-curandeiro.
Corri para o lugar onde meu primo estava estendido, menos de um tiro de pedra de distância do barco, Yeshua e o outro homem, que continuava abaixado como que suplicando a ele. Pensei este só pode mesmo ser Filho do Deus Criador, pois até uma criatura que era tão maligna se prostra à seus pés, voltei-me para meu primo, desacordado, mas respirando, sacudi-o e ele voltou a si, olhou para mim, de uma maneira que não me olhava desde antes de sua mãe morrer, um jeito carinhoso, agora sabia que estava bem, de verdade bem. Me olhou assim, e correu para minha família, pensei em ir, mas ao mesmo tempo, não podia, tinha que assistir ao resto, tudo aconteceu tão rápido, quase no momento que meu primo caiu, levantou e correu, Yeshua tornou a falar com o homem à seus pés.
Perguntou-lhe:
– Qual é o teu nome? – e ele respondeu de forma sinistra – Legião é o meu nome, porque somos muitos – Lembrei que Legião era um exército romano de milhares de soldados. Alheio a mim, o homem ajoelhado falava como se implorasse que Yeshua os mandassem aos porcos, Yeshua disse – Ide – Imediatamente o homem caiu como meu primo caíra e os porcos (que estavam em um monte próximo) se enfureceram, de tal maneira que onde estávamos, ouvíamos seus gritos, vimos os animais avançarem pelos limites postos por meus tios e pais algumas horas atrás e os quase dois mil porcos se jogaram do penhasco, o abismo os recebeu e os que não morreram com a queda se afogaram, vi meus parentes nervosos e sem entender direito o que estava acontecendo, vi meu primo se aproximar deles e aparentemente tentar contar o ocorrido.
Agora perto de mim, os homens que vieram no barco estão saindo, com vestes nas mãos a entregam e ajudam o filho do curandeiro a se vestir, ele por sua vez está bem diferente do que estava há alguns minutos, com ânimo na voz adora a Yeshua como se fosse uma divindade, com alegria, como se o agradecesse, no momento senti algo escorrendo na minha face, eram lágrimas, não sei por que, mas tinha certeza que aquele homem era Deus, seu rosto me era muito familiar, como se desde meu nascimento estivesse esperando por este momento, o encontro com meu criador.
Escutei um barulho atrás de mim, me virei e vi toda a minha família, todos olhando nervosos para Yeshua, os do meu meio olhavam com medo para ele, como se não tivessem presenciado nada daquilo, olhavam para o ex-endemoninhado limpo, e em vez de se admirarem, se espantavam, meus olhos procuraram e encontraram meu primo, no momento não entendi, ele estava nervoso, chorava e puxava meu pai, este, por sua vez avançava para o barco e então o ouvi dizendo à Yeshua – “Por favor, sai de entre nós, pois não sabemos de onde vem teu poder” – eu não entendia como estavam fazendo isso, por acaso não tinham visto tudo que eu vi? Como diziam “Sai”?
Olhei para Yeshua, seu olhar era indescritível, como se amasse à todos os que O estavam odiando, os olhava como nem meu pai e minha mãe um dia me olharam, um amor saía de seus olhos, apesar de eles estarem pedindo para se retirar de nossa terra, ele ainda os fitava assim, seus olhos passaram pelos meus, e eu, em silêncio, pedi perdão pelos meus parentes, pode ser idiota, mas, eu sabia que ele estava escutando meus pensamentos, só me olhou de relance, mas foi como se tivesse ouvido minhas desculpas e respondido, no momento meu coração estava leve, pensei – ele me desculpou.
Yeshua se voltou para o barco e fez um movimento com as mãos, no mesmo instante seus homens começaram a levantar as coisas e preparar o barco para partir. O Homem curado implorou para ir com ele, Yeshua, no entanto disse – “Não, volta e conta a todos o que Deus fez contigo.”.
O barquinho com Yeshua ainda olhando para nós seguiu devagar com os outros homens. Todos da minha casa ainda estavam expulsando a ele, meu primo (que estava chorando) e o homem curado, estava com um olhar de felicidade de ter sido curado, misturado com a tristeza de não ter ido junto com seu “médico”. E eu, me vi ainda parado, perplexo, sem saber o que pensar sobre tudo aquilo, fiquei assim um tempo, e então, como em um estalo na alma, e sem pensar, levantei. Corri para meus pais, os beijei e disse – Não se preocupem, vou seguir Deus.
Na hora, no impulso, não via o mar na minha frente, meus olhos apenas viam um barco, já um pouco longe, e eu sabia que dentro dele tinha o motivo da minha vida.
O mar agora já não era mais um objeto de temor, era apenas um obstáculo para alcançar o barquinho, então sem pensar me joguei nas suas águas, não tinha conhecimento que sabia nadar, talvez tivesse aprendido naquele momento, nunca pensei que faria uma coisa dessas, mas tinha certeza de que estava fazendo a coisa certa, o desejo de seguir aquele que acabou com meus medos era maior que tudo, me dava a certeza que não iria afogar e confiança que seria acolhido não apenas no seu barco logo à frente, mas no seu Reino aberto para mim no final de uma vida que estava pronto para viver por ele. Meus dois maiores medos foram vencidos em um único momento por algo que eu antes não conhecia, algo que se mostrou maior que todas as aflições existentes no mundo.
Irei segui-lo.


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MATEUS 8. 28-33
LUCAS 8. 26-34
MARCOS 5. 1-20

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